quarta-feira, agosto 30, 2006

Eu nunca choro, oras!



Eu não choro
Eu não tenho mais brilho no sorriso
Eu bebo e caio logo
Eu falo, mas não digo.
Eu tento, mas não me entendo. E não entendo a situação.
Eu fumo então.
E rezo pra esquecer
E durmo pra parar de pensar
E acordo pra parar de sonhar
E desespero.
Não tenho mais o que falar.
Mas morro
Tentando me libertar
Dessa pressão que aperta, destrói, dói.
E não se entende. E não se desfaz.
Simplesmente paralisa e gira – ao mesmo tempo, no mesmo tilintar.
E não vê nada claro
Simplesmente porque já escolheu o escuro pra enxergar.
E o meu copo se quebra.
E está vazio então.
E é esse o meu medo.De quando o meu coração quebrar já estar vazio outra vez.
.
.
.
.(Poemas-melodramas.. Ano 1998-1999. Completamente platônicos. Cada amor tem o presente que merece. Se você ler os meus próximos poemas, baby, não ache nada, nem tenha ciúme. O seu presente é bem melhor do que um poema :) )

sexta-feira, agosto 25, 2006

A imagem não postada

O vaso sanitário, já que ele não quis aparecer no poema abaixo =)

quinta-feira, agosto 24, 2006

Poema para um Vaso Sanitário

Declarar meu amor à você, vaso sanitário
(E parece que isso vai ser hilário)
Pode nexo algum ter para você, seu otário,
Mas, para o corpo, é mais do que necessário.

Você é o coração do banheiro
(Não, não fique com ciúme, chuveiro!!!)
Por favor, antes de se molhar inteiro,
Dê seu tempo no buraco costumeiro.

E a pia, toda enfezada
(Sempre querendo estar mais molhada)
Disputa com seu vizinho, irritada
E quando sentamos "la", ela dá "aquela olhada".

Finalmente, vou declarar
Meu amor, sem disfarçar,
É só entrar no banheiro e olhar:
- Óh meu vaso, eu quero em ti sentar"
.
.
.
.
(Eu sou ridícula, confesso. Mas tenho veia cômica. HAHAHA. Poema de 2001, acho. Só sei que não foi feito em cima de um vaso sanitário, embora pareça. Foi na pensão do velho que eu morei em Cruz Alta/RS, em um dia "meu, comigo mesma". Deu. Não é para rir de mim. Sem correções gramaticais, como sempre.)

quarta-feira, agosto 23, 2006

On the road


Você me perdeu dentro de um mundo
que eu não conhecia.
Parei - estou olhando
Ainda não atravessei.
E penso que um certo dia desses bastará para
que o meu medo vá embora,
minha energia volte.
Tão pura quanto antes.
E assim, eu atravesse suas paredes e arraste seus móveis
e queira ver através de mim - aquilo que eu já sei que existe - mas que tenho
(aquele) medo.
Porque em meu universo existem estrelas demais.
*
*
*
(1998. Devo ter escrito em um ônibus, ou mesa de bar, ou algo assim. Está atras de um folder de uma festa da época, no Café Brasil =P)

segunda-feira, agosto 21, 2006

Experimentos

Hoje realmente aprendi demais.
Não, não errei demais para dar aos meus erros o nome de experiência.
Errei normalmente,
como erro sempre normalmente.
Mas sei o bastante para não tratar minha experiência como erro.
Para o erro, basta a volúpia.
(e isso sobra no meu corpo)
E é porque minha alma pede demais.
E, mesmo assim, o corpo que carrego
e a alma que habita nele
nunca se entendem.
Meu abismo mais profundo
é não saber se amo demais
ou nada amo
por medo de nada receber...
Dessa confusão nasce a minha volúpia e domina todos os gestos.
Fico tentando acertar todo o tempo.
Erro por não saber a quantidade de amor que quero dar
e por saber que quero receber demais.
(e, para mim, o demais ainda é pouco)
Só não quero errar comentendo o erro de não amar, iludindo-me com a idéia de que, assim, tornar-me-ei mais experiente.
.
.
.
.
(Os nossos mais fracos impulsos são aqueles cuja natureza nos é conhecida. Muitas vezes, pensando fazer uma experiência sobre os outros, fazêmo-la, na realidade, sobre nós mesmos. Oscar Wilde)
.
.
(Escrito em 13 de dezembro de 1999. Acho que em Cruz Alta/RS. Sem correções ortográficas ou outras, como os demais. Inspirado nesse trechinho do Wilde aí em cima.)

sexta-feira, agosto 18, 2006

Deuses e Monstros



Eu poderia amar você
Eu poderia amar muito mais que você
Eu poderia apenas amar
Mas não encontro o quê, nem como, nem porque.
.
.
.
.
.
.
Que espécie de monstro tem dentro do deus que existe em mim?
Tudo o que se procura, acha-se.
Não encontro nada.
Nem o monstro, nem o deus, nem o homem...
(acho que não procurei com muita vontade...)
_______________________________________
A vontade nasce do monstro
consome o homem
e acaba por enfeitiçar o deus.
.
.
.
[Coisas escritas em fevereiro de 2000. Após assistir ao filme "Deuses e Monstros", em Joinville/SC. Após voltar de Garopaba, Ferrugem, Rosa, Silveira, Siriú... mil praias e dias muito loucos. Mas, pelo jeito, eu estava vazia... o.O... Isso me assusta. Mas é talvez a parte mais intensa e interessante do meu ser. Aquela que não aparece...]

quarta-feira, agosto 16, 2006

Delirium


Delírio, sensação e pecado...




- Hum... você é a sensação.... você é o pecado e...hum... você tem cara de delírio.

(Um hippie no cassino - verão de 1994)



__________________________________________________________
*
*
*
*
*
*
*
*
Delírio é uma personagem de histórias em quadrinhos da revista Sandman, escrita por Neil Gaiman e publicada pela DC Comics (Vertigo). Ela é a mais jovem dos Perpétuos, que são representações antropomórficas de aspectos comuns a todas as pessoas: Destino, Desencarnação (ou Morte), Devaneio (ou Sonho), Destruição, Desejo, Desepero e Delírio.
Geralmente, Delírio (ou Delirium) é baixa e magra, mas sua aparência muda constantemente, e a forma e contorno de sua sombra não têm necessariamente relação com a do corpo que esteja usando. Diz-se que ela cheira a suor, vinho azedo, noites tardias e couro velho. Ela tem um olho azul e o outro verde, salpicado de estrelas, e desta forma vê o mundo de sua própria e única visão.
Seu reino — cada um dos
Perpétuos molda seu domínio de acordo com sua personalidade —, é caótico, um amontoado de cores e formas estranhas que muda o tempo todo, e contém a inscrição Tempus Frangit (em latim, O Tempo Quebra, uma referência ao famoso Tempus Fugit, O Tempo Voa). Seres humanos podem visitar seu reino com alguma facilidade, mas não lhes é possível compreender ou relatar totalmente o que lá encontram.
Um dia, Delírio também foi Deleite. Não se sabe — e isso não fica explícito em nenhum momento da série Sandman, e nem nas revistas extras — porque, como ou quando isto aconteceu, mas o livro Endless Nights (Noites Sem Fim) contém histórias que dão margem para algumas interpretações.
Algumas pessoas dizem que Delírio foi inspirada na cantora
Tori Amos, amiga de Neil Gaiman, o que ambos negam.
[by: pt.wikipedia.org/wiki/Delírio_(Sandman)]

domingo, agosto 13, 2006

Estrelas rebeldes

A vida às vezes nos torna estrelas
estrelas rebeldes
e calmas estrelas rebeldes...
Quem foi que disse que somos tão dependentes do mundo?
Se basta seguir o destino então,
por que dependemos tanto dos outros?
Estrelas são autosuficientes?
Dizem que sem a força do sol elas não sobreviveriam...
E se o destino nos torna estrelas
Tão estrelas assim...
Precisamos tentar buscar esse sol
Estamos sempre precisando
Precisando de um sol
Mas às vezes esquecemos de que somos só aprendizes
E nem sabemos quem é o mestre...
Quem é sol de cada um?
(Acho que todos somos apenas luas novas... até o fim...)
.
.
.
.
.
.
.
.
(espero que alguém que entenda de astronomia jamais leia isso...hehe)

sábado, agosto 12, 2006

Realmente II

REALMENTE
Indiscutivelmente
QUANDO VOCÊ SE VÊ COM AS MÃOS AMARRADAS
Você não consegue fazer nada
SÓ OLHAR PARA ELAS
E constatar
QUE ESTÃO AMARRADAS.
E o resto do seu corpo se sente assim
AMARRADO.

Não tire-me o que eu tenho
E que eu mais amo
Sem isso
Não serão apenas as mãos (ou o resto do corpo) que ficarão atados
A minha força também

Eu tô agüentando...
Mas está horrível
Eu estou sem prespectiva (agora)
De me desamarrar.
.
.
.
.
.
(Lamentavelmente desconsertada)





(Esse sim é preocupante. Achei bonitinho, bem melhor que o Realmente I. Mas eu fico intrigada quando leio. Na época que eu escrevi nem tinha conhecido as melhores pessoas. Nem vivido os melhores momentos. Leia-se, "melhores" como "mais importantes, mais doloridos, tudo isso". Mas eu estava realmente sem perspectiva. Com medo que me tirassem alguma coisa. Acho que eu não queria parar de sentir alguma coisa, talvez. Mas também, precisava parar. Sinceramente, não lembro o que é. Nem em quem eu pensei quando escrevi este. Mas foi logo depois do Realmente I. =P)

Realmente I

REALMENTE
PESSOAS COMO CUBOS DE GELO
DEVERIAM
ACOSTUMAR-SE A SER COMO CUBOS
DE GELO

REALMENTE
PESSOAS QUE CHORAM FÁCIL
DEVERIAM
ACOSTUMAR-SE A SER COMO PESSOAS QUE CHORAM
FÁCIL

REALMENTE
OU AS PESSOAS DEVERIAM SER COMO CUBOS DE GELO OU CHORAR FÁCIL.
CAUSARIAM MENOS PROBLEMAS SE SE ACOSTUMASSEM A QUALQUER IDÉIA
REALMENTE
SE AS COISAS (AS PESSOAS)
FOSSEM ASSIM
(FÁCEIS)
NÃO PRECISARIAM NUNCA CHORAR QUANDO ALGUÉM AS FERE SENDO PEDRA DE GELO. OU MESMO, NUNCA CHORARIAM POR SE COMPORTAREM COMO PEDRAS DE GELO.
ALIÁS,
REALMENTE
SE SE ACOSTUMASSEM COM A IDÉIA (QUALQUER QEU ESTA FOSSE)
NÃO PRECISARIAM NEM CHORAR QUANDO FOSSEM PEDRAS DE GELO PORQUE, JAMAIS, OS MESMO QEU CHORAM FÁCIL SERIAM OS QUE SÃO CUBOS DE GELO.
REALMENTE,
TUDO PROGRAMADO ASSIM
SERIA
REALMENTE,
FÁCIL.
REALMENTE, QUE CONCLUSÃO HORRÍVEL!
.
.
.
.
.
.


(My, my... essa nem eu entendi o que eu tava querendo dizer quando escrevi. Poetas se remoem nos túmulos essa hora, sabendo que eu não coloquei isso fora e estou escrevendo aqui e expondo para o mundo. Dos mesmos anos noventa. (...) Acho que eu deveria estar de cara com as pessoas, pra variar...)

sexta-feira, agosto 11, 2006

Dificuldade de comunicação?

Anjo pálido
Anjo negro
Pálido é o sentimento.
Negro é o sofrimento.
Tem algo nisso tudo
que agora te perturba.
Tem qualquer coisa que pergunta quando:
quando é que o algodão vai ficar doce?
Anjo louco
O que realmente te acalma?
O que pode te ferir realmente?
Por que você ficou tão fraco?
________________________________________
(poema, ou quase isso, escrito em noventa e sete, por aí. Com certeza eu estava apaixonada. Eu sei por quem, mas não vou dizer. Uma, porque não estou mais por essa pessoa; outra, porque é até engraçado pensar que eu escrevia coisas sentimentais inspirada em uma paixão platônica. E era totalmente platônica, na verdade. Eu nem conseguia olhar direito, imagine então falar para a pessoa qualquer coisa sobre isso.... o.O. Foi uma das pessoas com quem eu fui mais dissimulada sobre meus sentimentos. Era muito engraçado. Daí, chegava em casa e escrevia isso, pensando em tudo o que se passava dentro de mim. E não foram os únicos poeminhas sentimentalóides para ele. Hehe. Eu precisava tanto dessa pessa na época quanto eu precisava escrever. Na verdade, não exatamente da pessoa, mas do sentimento que eu tinha. Estranho como nós somos às vezes... Mentimos para saciar nossa sede por alguma coisa. Nessa época, foi por escrever. Mas já menti por outras sedes. Em outras épocas. E algumas mentiras, inclusive, eram bem verdadeiras. Eu sempre tentava ser o mais sincera possível, mesmo quando mentia. Hoje, felizmente, procuro não mentir. Mas não faço isso para ser real. Ainda vivo na fantasia (por que não?). Não minto para não machucar. Inclusive a minha própria pessoa. E vou dizer uma coisa: não é fácil depois que você acostuma a viver vários personagens. E pior, tem prazer com isso. Mas está valendo a pena.)

quinta-feira, agosto 10, 2006

Uma versão de morte gorda


Eu não queria morrer gorda,
Também não é de minha vontade
que eu me vá,
assim,
apaixonada...
Morrer agora.
Morrer pelo mundo.
Morte de ouro. Morte sem fé. Morte vã.

Talvez vã seja esta filosofia insípida de morrer hoje.
Morrer é apenas um momento.
Morrer agora todos os dias eu morro.
Morro e me mato.
Me mato de paixão. Me mato de poder falar de morte sorrindo.

Ah... eu não queria viver agonia.
Ter na veia essa magia
que me puxa para o morrer.

Morte vil é crueldade.
Morrer, uma dádiva fiel que me é dada. Sem fé. Assim... apaixonada.
Gorda de preto na madrugada vazia.
O mundo morre por mim.




(13 anos, no máximo. Acho que foi a primeira poesia (?) que eu fiz. Fiquei com vergonha, e assinei como Cecília Meirelles. Que eu nem sabia quem era direito. Talvez eu também não soubesse direito o que era uma "filosofia insípida". Doente? Eu? Jura =) Estava em um uma folha de caderno, em letras vermelhas. E eu juro. Não era gorda com 13. Mas logo depois fui bulímica. Talvez a cultura do primeiro grau, do colégio, fazia como se eu sentisse que imagem era tudo e nada ao mesmo tempo. Era uma época estranha. Em que eu queria vir correndo para casa porque não suportava ficar perto das pessoas no colégio. Não que eu não gostasse delas. Mas já pensava em morte. Achei essa coisa que eu escrevi mil vezes engraçada. Tirando meus quase-poemas platônicos, tenho uns poucos engraçados. Esse é um. Eu acho, ao menos. É bom que fique por aqui guardado. Talvez algum dia alguém leia. E ria.)

(Quadro de Picasso na foto)