quinta-feira, agosto 10, 2006

Uma versão de morte gorda


Eu não queria morrer gorda,
Também não é de minha vontade
que eu me vá,
assim,
apaixonada...
Morrer agora.
Morrer pelo mundo.
Morte de ouro. Morte sem fé. Morte vã.

Talvez vã seja esta filosofia insípida de morrer hoje.
Morrer é apenas um momento.
Morrer agora todos os dias eu morro.
Morro e me mato.
Me mato de paixão. Me mato de poder falar de morte sorrindo.

Ah... eu não queria viver agonia.
Ter na veia essa magia
que me puxa para o morrer.

Morte vil é crueldade.
Morrer, uma dádiva fiel que me é dada. Sem fé. Assim... apaixonada.
Gorda de preto na madrugada vazia.
O mundo morre por mim.




(13 anos, no máximo. Acho que foi a primeira poesia (?) que eu fiz. Fiquei com vergonha, e assinei como Cecília Meirelles. Que eu nem sabia quem era direito. Talvez eu também não soubesse direito o que era uma "filosofia insípida". Doente? Eu? Jura =) Estava em um uma folha de caderno, em letras vermelhas. E eu juro. Não era gorda com 13. Mas logo depois fui bulímica. Talvez a cultura do primeiro grau, do colégio, fazia como se eu sentisse que imagem era tudo e nada ao mesmo tempo. Era uma época estranha. Em que eu queria vir correndo para casa porque não suportava ficar perto das pessoas no colégio. Não que eu não gostasse delas. Mas já pensava em morte. Achei essa coisa que eu escrevi mil vezes engraçada. Tirando meus quase-poemas platônicos, tenho uns poucos engraçados. Esse é um. Eu acho, ao menos. É bom que fique por aqui guardado. Talvez algum dia alguém leia. E ria.)

(Quadro de Picasso na foto)

Um comentário:

Anônimo disse...

Que bonitinho q ficou teu blog e teu post...