terça-feira, novembro 18, 2008

Can you feel the wind blow, closer day by day




Can you feel the wind blow, closer day by day

Blowing with a motion, for a brand new day

Demonchild, why have you been gone

Do you still miss, miss your family

Oh, I'll bet it hurts to loose so much

Can you feel the wind blow, closer day by day

Blowing with a motion, for a brand new day

Demonchild, what have you been throughI can still hear, hear you crying

So you better find a cure

Can you feel the wind blow, closer day by day

Blowing with a motion, for a brand new day




Little Demonchild - Beseech



Sou incompleta. Nessa incompletude que me desconforta me sinto só. Acho que deixei alguma parte que gostava em algum lugar que nunca mais encontrei. Não encontrarei mais nessa vida. Nem sei se foi nessa que deixei.

Nessa minha incompletude inquieta encontro outras coisas que acabam fazendo o efeito do vento aquele, que perdi em algum lugar. Tenho medo de perder essas coisas. Tenho medo de perder coisas porque fico com medo de ficar sem ar. Mas tenho medo de roubar todo o ar dessas coisas que encontro e me fazem bem. De sufocá-las. De que eu não tenha o mesmo efeito de um vento para elas.

Fico igual ao vampiro aquele, do banco da praça, que escrevi em um conto certa vez. Esperando o vento. Mas ele não tinha medo de sufocar. Porque já estava sufocado.

(Por que quero ser um vento e não me contento apenas em sentir um?)

domingo, novembro 09, 2008

Nem tente?


(Eu só quero dizer que estou me sentindo muito, muito, muito.... triste. Tenho certeza de que nunca estive tão triste na minha vida. Tô com a sensação de que sou descartável...de que não vou sair dessa... Tô com o coração vazio...tô com uma dor dentro de mim... um buraco vazio... e não me deram motivos... simplesmente fui colocada de lado... pq isso precisava ser feito... Eu só quero conseguir viver de novo... quero parar de chorar... não quero remédios... não quero conselhos... não quero ninguém... na verdade... eu queria uma explicação que não veio... uma verdade que eu não enxerguei... eu queria um caminho para seguir agora... )

Sentimento é coisa de imbecil, diz o gato adepto ao manual do mafioso, sua leitura de cabeceira. Sempre lê uma das ideologias do manual com intenção de aplicá-las no dia seguinte. Por vezes, consegue, por vezes, ignora que não consegue. Pq ele é um gato mafioso. Quando olha seu retrato em uma foto, vê um gato mafioso, obviamente. Todo mundo vê nele um gato mafioso. Quando se olha no espelho, vê uma coisa estranha, fica tentando pegar com sua pata aquilo que está no reflexo, que ele jura, não é ele. É curioso e adora brincar, quer tocar naquela criatura do espelho, que nada tem em comum com o gato mafioso, que ele é, obviamente. Ele vai passar o resto das suas sete vidas tentando tocar na criatura estranha do espelho. Ele não vai conseguir nunca. Vai bater com sua patinha no espelho duro. Vai, enfim, passar pelo espelho e ignorar aquele reflexo uma hora ou outra. Vai criar seu conceito de gato-reflexo e vai ler Coraline para imaginar que os espelhos guardam um outro mundo, que ele só vai conseguir tocar quando começar a acreditar. Mas ele não acredita porque o manual do mafioso o ensinou que sentimento é coisa de imbecil. E ele é um gato-mafioso.


Eu escrevi aquilo lá em cima faz muito tempo, no tempo da Angie. Nem faz tanto tempo assim no tempo do mundo. 
Quis colocar aqui hoje e falar um pouco sobre isso pq li em um outro blog um sentimento do gênero. Ler um sentimento é ótimo. Quem diria que conseguiríamos fazer isso algum dia? E, pior, torná-lo identificável e relacioná-lo a uma lembrança. Pensar um pouco no quanto por mais que tenhamos mudado, temos medo de sentir algo parecido de novo. Já tive dores maiores, depois. Não dores iguais. O fato de alguém me dizer que somos todos substituíveis me perturba. No momento acima eu senti que somos substituíveis, mas ouvir isso de alguém que sequer já tenha experimentado essa sensação de substituição é estranho. Acho que, do jeito que sou, vou pensar eternamente nessa coisa de ser substituível e não concordar. No fundo, também não consigo saber se aquilo que vejo no espelho sou eu mesma. Por isso, passo horas olhando.
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Essa noite me sinto envenenado, mijado, usado, gasto até o osso. Acho que a multidão, aquela multidão, a humanidade, que sempre foi difícil pra mim, aquela multidão está ganhando afinal. Acho que o grande problema é que tudo é uma performance repetida pra eles. Não há novidade neles. Nem mesmo o menor dos milagres. Apenas se arrastam sobre mim. Se, um dia, eu pudesse ver UMA pessoa fazendo ou dizendo algo incomum me ajudaria a seguir em frente. Mas são rançosos, bolorentos. Não há emoção. Olhos, ouvidos, vozes, seios, pernas, mas... nada. Congelam-se dentro de si mesmos e se enganam fingindo que estão vivos. 
E o terrível não é a morte, mas as vidas, que as pessoas levam ou não levam até sua morte. Não reverenciam as próprias vidas, mijam em suas vidas. As pessoas as cagam. Idiotas fodidos. Concentram-se demais em foder, cinema, dinheiro, família, foder. Suas mentes estão entopidas de algodão. Engolem Deus sem pensar, engolem o país sem pensar. Acabam deixando que os outros pensem por elas. Suas mentes estão entopidas de bosta. São feios, falam feio, caminham feio. Toque pra elas a maior música de todos os tempos e elas não conseguem ouvila. A maioria das mortes das pessoas é uma empulhação. Não sobra nada pra morrer.

(Bukowski - trecho copiado do fórum do orkut do velho safado)