sexta-feira, maio 27, 2011

Nimue, filha de Manawyadan fab Liyr, o Deus do Mar

Nimue não falou durante longo tempo, e no silêncio quase pude ouvir meu coração batendo. Ela parecia estar tomando uma decisão, uma daquelas decisões tão cheias de presságio que mudam para sempre o equilíbrio de uma vida, e assim esperei, termeroso, incapaz de alterar minha postura desajeitada. O cabelo preto de Nimue estava revolto, emoldurando o rosto em forma de cunha. Nimue não era bonita nem feia, mas seu rosto possuía uma agilidade e uma vida que não carecia de beleza formal. Sua testa era larga e alta, os olhos escuros e ferozes, o nariz afilado, a boca larga e o queixo fino. Era a mulher mais inteligente que já conheci, mas mesmo naquela época, quando praticamente não passava de uma criança, era cheia de uma tristeza nascida dessa inteligência. Sabia demais. Nascera sabendo, ou então os Deuses tinham lhe dado o conhecimento quando a pouparam de se afogar. Na infância ela fora cheia de absurdos e travessuras, mas agora, sem a orientação de Merlin mas com as responsabilidades postas sobre seus ombros magros, estava mudando.
( As Crônicas de Artur - V. 1 - O Rei do Inverno - Bernard Cronwell)


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